Curador do primeiro festival de cinema brasileiro dedicado a filmes sobre doenças raras revela os desafios e a importância do evento
Com a chegada do Festival Raro de Cinema, que ocorrerá de 29 de outubro a 1º de novembro de 2024 no Cine Brasília, surge uma nova forma de abordar questões de saúde pública e inclusão social. O festival é pioneiro no Brasil ao dedicar-se exclusivamente a obras que retratam a realidade das doenças raras, e seu objetivo é sensibilizar o público sobre essas condições pouco conhecidas.
À frente da curadoria do evento está Guilherme Vicente de Morais, jornalista e entusiasta do cinema. Ele acredita que a sétima arte pode ser uma poderosa ferramenta de conscientização e empatia. Em uma entrevista exclusiva, Guilherme nos conta sobre os desafios, a importância do festival e o que o público pode esperar dessa experiência cinematográfica.
AMAVIRARAS: Como surgiu a ideia de criar um festival de cinema dedicado exclusivamente às doenças raras?
Guilherme Vicente de Morais: A ideia surgiu da necessidade de dar mais visibilidade às doenças raras, que afetam milhões de pessoas no Brasil, mas que muitas vezes são negligenciadas tanto pela sociedade quanto pelos sistemas de saúde. Sabemos que o cinema tem um poder transformador, capaz de sensibilizar e gerar empatia, então pensamos: por que não usar essa força para trazer à tona essas histórias? O festival nasceu com essa missão, de unir a arte com a conscientização.
AMAVIRARAS: Qual é a importância do Festival Raro de Cinema no contexto das doenças raras?
Guilherme Vicente de Morais: O festival é muito mais do que uma simples mostra de filmes. Ele é uma plataforma de conscientização e inclusão. Existem mais de 8 mil doenças raras catalogadas pela OMS, e muitas delas são praticamente desconhecidas pela população. No contexto do Brasil, onde 13 milhões de pessoas convivem com essas condições, é fundamental trazer esse debate à luz. O festival tem o papel de dar visibilidade a essas doenças, mas também de abrir diálogos sobre políticas públicas de saúde, acesso a tratamentos e, acima de tudo, empatia com os pacientes.
AMAVIRARAS: Como foi o processo de seleção dos filmes para o festival?
Guilherme Vicente de Morais: Foi um processo desafiador, porque queríamos encontrar filmes que trouxessem representações verdadeiras, emocionantes e que, ao mesmo tempo, fossem acessíveis ao público geral. A curadoria buscou obras que, além de retratar a realidade das doenças raras, apresentassem qualidade cinematográfica e um olhar sensível sobre os temas. Recebemos muitas produções internacionais e nacionais, e priorizamos aquelas que mostravam tanto o lado médico quanto o emocional dessas jornadas.
AMAVIRARAS: Quais são os destaques da programação?
Guilherme Vicente de Morais: Temos várias obras emocionantes que vão tocar profundamente o público. Entre elas, destaco "A História de Cada Um", que conta a jornada de um casal no sertão nordestino enfrentando a doença rara PAF, e o documentário "Tin Soldiers", que explora a vida de pessoas com Fibrodisplasia Ossificante Progressiva, a Síndrome do Homem de Pedra. Além disso, "Na Minha Pele" é outro filme importante, que mostra a batalha de três pessoas com Psoríase Pustulosa Generalizada. Cada obra foi escolhida para trazer uma perspectiva única, mostrando que, embora raras, essas doenças são uma realidade vivida por muitos.
AMAVIRARAS: Quais são os desafios de realizar um evento tão específico como o Festival Raro de Cinema?
Guilherme Vicente de Morais: Um dos maiores desafios foi garantir que o festival tivesse visibilidade e alcance. As doenças raras, por natureza, afetam uma parcela menor da população, o que faz com que o tema não tenha tanto destaque na mídia. Mas a ideia é justamente essa: ampliar o debate e dar voz a essas histórias. Outro desafio foi garantir que as obras exibidas tivessem recursos de acessibilidade, como audiodescrição e Libras, para que todos pudessem se sentir incluídos. A logística do evento também foi desafiadora, mas tivemos o apoio de parceiros fundamentais para viabilizá-lo.
AMAVIRARAS: Qual é a expectativa em relação ao impacto do festival?
Guilherme Vicente de Morais: Nossa expectativa é que o festival gere empatia e conscientização. Queremos que o público saia da sala de cinema com uma visão mais ampla sobre as doenças raras e, mais do que isso, que se sintam tocados pelas histórias que viram. Espero que esse seja o primeiro de muitos festivais e que possamos, a cada edição, incluir mais vozes e ampliar ainda mais a discussão sobre o tema. Acredito que o impacto será transformador, tanto para os que convivem com doenças raras quanto para aqueles que nunca tinham ouvido falar sobre elas.
AMAVIRARAS: Qual mensagem você deixaria para quem está pensando em participar do festival?
Guilherme Vicente de Morais: Eu diria que participar do Festival Raro de Cinema é uma oportunidade única de vivenciar histórias reais que, apesar de raras, merecem ser conhecidas. O cinema tem esse poder de nos fazer enxergar o mundo de forma diferente, e as obras que selecionamos trazem essa transformação. Venha ao festival com o coração aberto, pronto para se emocionar, aprender e, quem sabe, ser inspirado a agir em prol de uma sociedade mais inclusiva.
O Festival Raro de Cinema será realizado de 29 de outubro a 1º de novembro no Cine Brasília, com entrada gratuita e programação acessível a todos. Para mais informações, acesse: https://www.rarotalks.com.br/festivalrarodecinema.
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